Conheça o novo dono da TAP

Foi graças ao sr. Neeleman (e a uma actuação sublime dele e da ainda então sua Jetblue durante o nevão de 2007) que hoje os passageiros de avião têm alguns direitos e as companhias alguns requisitos mínimos de serviço aos seus consumidores. E acho que todos sabemos o quão bom um tipo tem de ser para conseguir convencer o Congresso Americano para trabalhar em prol do interesse das pessoas.

A TAP está em boas mãos, diz o Governo que nos tenta convencer que foi um excelente negócio. Do ponto de vista do comprador, claro está.

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Já diz o ditado popular…

…”cá se fazem, cá se pagam”.

Dito de outra forma, “vota-se nos do costume, pagam os do costume”. A ladaínha é também a do costume, quem está no governo está “totalmente aberto” para a encenação teatral que se seguirá: a dita oposição “responsável” e “enquadrada” fará o seu momento de ultraje, o governo diz que nunca quis chegar aqui mas tem de fazer a coisa responsável e culpa o anterior governo, aproveita-se e muda-se assunto para um fait-diver e ganhe quem ganhar as eleições isto vai tudo dar ao mesmo: “nós não queríamos mas tem de ser”. De destacar apenas a novilíngua da obrigação de resultado com um impacto positivo na ordem de 600 milhões de euros seja uma tentativa de spinning com palavras positivas, como se já não tivéssemos Orwell o suficiente na nossa vida. Eurásia e Lestásia? PS e PSD.

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Leitura natalícia alternativa não-hegemónica e anti-austeritária

Diz-se de Cristo que nasceu numa manjedoura ao relento em pleno Inverno; São coisas que acontecem quando não há Serviço Nacional de Saúde ou janelas. Fartou-se de falar de redistribuição de riqueza, de justiça e igualdade. Também disse que só rezar por essas coisas não servia de nada se não se metesse a mão na massa. Por falar em meter a mão na massa: era um tipo com jeito para trabalhos manuais. Aprendeu a ser carpinteiro (com o pai, claro, não havendo um sistema de ensino público) e ainda foi a tempo de fazer um chicote para expulsar os banqueiros e cambistas do templo. Era um tipo que não estava para aturar fariseus e legisladores que diziam uma coisa e faziam outra. Foi traído por um gajo amigo por 30 moedas de ouro. Não tenho dados estatísticos precisos, mas aposto que a maioria da malta de então não tinha contrato de trabalho e provavelmente nem sequer passava recibo. Quando o código laboral é cada um por si depois não se admirem.

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Common Equity (em cada esquina uma banquinha, em cada bifana igualdade)

Depois do que aconteceu no BES/GES não se pode ter cuidado a mais. Assim, o Órfão Político decidiu ir numa fact-finding mission à Quinta da Atalaia. Há muito é sabido que há lá salgados de todo o país e alguns até do estrangeiro, e em cada esquina uma banca comercial. E quando há bancas comerciais por todo o lado, especialmente aquelas que juraram ter por companheira o conluio com o óleo vegetal e o carvão para as suas ostensivas bifanas e demais enchidos, está tudo especulativamente dito.

Os resultados desta investigação poderão resultar numa barrigada de espetadas à Granadeiro. Afinal, será preciso relembrar que as auditorias forenses aqui servem de pouco quando todos os anos há uma Nova Festa feita pelos mesmos de sempre?

 

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Seguro contra riscos

Disse hoje António José Seguro, em relação ao caso BES, que não pode haver promiscuidade entre política e negócios. É daquelas frases de circunstância que fazem parte da cartilha “eu sou um profissional sério e honesto e se eu mandasse isto não era esta pouca vergonha”. São como aquelas conversas de café e de pacotilha sobre música em que alguém, alguma vez, dirá “os Beatles foram a melhor banda de sempre”. Quem sabe alguma coisa de música sabe que isto não significa nada. Quem sabe alguma coisa de política nacional e do ecossistema político-empresarial dos últimos 39 anos também.

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O Amanhã

“Aos vinte anos nos disseram: “Devem sacrificar-se pelo Amanhã”. E sacrificamos a vida no altar do deus que nunca chega. Gostaríamos de encontrar, afinal, os velhos mestres daquela época. Deveriam dizer-nos se, na verdade, todo o horror de hoje era o Amanhã.”

 José Emílio Pacheco

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Vivendo na clandestinidade

O governo não cumpre a lei fundamental do país e não é sancionado por isso. Em resposta, decide pedir uma aclaração ao tribunal constitucional – por sinal, o mesmo tipo de requerimento que tinha eliminado recentemente com o argumento de ser um mecanismo utilizado para perder tempo.

O maior partido da oposição pela mão da sua direcção vai realizar uma eleição interna que não existe nos estatutos. Estatutos esses que foram também eles blindados recentemente pela nova direcção.

Estou na expectativa de quando voltaremos a ouvir da boca de cada um deles que “não há alternativa” quando a sua conduta demonstra claramente que não há impossíveis ou inevitabilidades nem limites à imaginação, apenas escolhas e opções políticas.

Como uma vez disse o Millôr Fernandes, “cada um tem um Cirque du Soleil que merece”.

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